16/05/2007

Piauí

Fiquei muito curiosa para ler a revista Piauí, indicação do publicitário Marcelo Pires. Enquanto ela não caí nas minhas mãos dei uma furungada na Internet e voalá :
Sem editorial ou colunistas, a revista tem elenco internacional e foi lançada na Flip pelo cineasta João Moreira Salles e o editor Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras
Antonio Gonçalves Filho
Uma revista sem editorial ou colunistas, em que a informação vem antes do comentário e preserve a independência ideológica de seus autores parece algo utópico como um quartel sem hierarquia. Mas é justamente o projeto da revista Piauí, lançada na Flip pelo cineasta João Moreira Salles e o editor Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras. O primeiro número saiu em outubro. O time envolvido são os escritores estrangeiros como o argentino Tomás Eloy Martinez e o inglês Martin Amis, cineastas como Eduardo Escorel e Eduardo Coutinho, médico e ex-detetive autores (Oliver Sacks e Rubem Fonseca, respectivamente), além de jornalistas veteranos como Ivan Lessa, ao lado de críticos da novíssima geração, entre eles Cassiano Machado. Todos comandados anarquicamente por Marcos Sá Corrêa.
Concebida por Moreira Salles, diretor da Videofilmes, que banca a revista em sociedade com a editora de Schwarcz, Piauí não pretende ser uma reedição de revistas como "Realidade" e "Senhor", dois títulos marcantes dos anos 1960 e caracterizados pela ousadia temática e gráfica. No formato do "New York Review of Books", ela será mensal, com uma tiragem de 40 mil exemplares. Pelo título escolhido, a revista chega já para provocar o leitor a partir do enigmático Piauí. Será uma referência jocosa a um dos Estados mais pobres do Brasil? Metáfora de um país desconhecido até mesmo por seus habitantes? Alegoria do indiferenciado, território em que cabem tudo e todos? Não. Apenas um nome escolhido ao acaso e rico em vogais, observa o cineasta João Moreira Salles.
Apesar dos nomes envolvidos, Piauí não será uma revista de cultura, mas de reportagem, gênero que parece marcar cada vez menos presença na grande imprensa. O diretor de "Notícias de Uma Guerra Particular" e, mais recentemente, do documentário "Entreatos", sobre a campanha política que levou Lula ao poder, diz que aprendeu com eles que não há grandes ou pequenos temas, "mas histórias boas e histórias mal contadas". Com o elenco de colaboradores de Piauí, ele certamente não corre riscos. Tomás Eloy Martinez, que começou sua carreira como jornalista, é autor do melhor perfil de Evita Perón que alguém jamais sonhou escrever. Como disse Oscar Wilde, o único dever que temos com a história é reescrevê-la e Eloy Martinez tem sido um aluno muito aplicado na destruição de mitos construídos por ela.
Para Marcos Sá Corrêa, o cruzamento entre narrativa ficcional e jornalismo deve enriquecer ainda mais Piauí. "O que define a história é a articulação de todos os elementos dentro de um texto", observa o editor, reforçando a frase de Wilde.

2 comentários:

julimodelski disse...

Pra mim, a revista Piauí parece o Pasquim dos dias de hoje.

Como disse na aula, fiquei sabendo pelo cinema em POA mas só comprei quando fui pra São Paulo (ironia?).

O que me chamou a atenção foi o comercial no cinema. Era uma narração de um locutor "sério" agradecendo ao caos aéreo. Dessa maneira, tinha aumentado o número de leitores da revista... porque com tanto tempo nas salas de embarque, as pessoas liam mais. Irônico. Comprei por esse motivo.

Crisgrohe disse...

Será que o problema de vender mal no Sul não é o nome? Bairrista como só nós sabemos ser... Se tivesse o nome Rio Grande do Sul talvez, quem sabe né?